"A defesa da cultura como direito fundamental sempre foi bandeira da esquerda brasileira. Programas como os Pontos de Cultura são testemunhas dessa história. Mas em Ibicoara, a esquerda local fez uma escolha que coloca em xeque esses princípios.

Em 2024, optou por apoiar a reeleição de um prefeito sem programa claro de governo e alheio às bandeiras tradicionais progressistas - uma decisão que lhe garantiu alguns cargos, mas que termina cobrando um preço alto da população. Já agora, em março de 2025, a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Ibicoara foi extinta, deixando artistas e projetos possivelmente à deriva.

A desculpa usada para tal ato, pasmem, é a mesma que a direita liberal e bolsonaristas usam para defender o Estado Mínimo: economia e agilidade. No entanto, a secretaria contava com receita orçamentária de mais de R$ 4 milhões, que deveriam sustentar a produção cultural do município, e agora terá suas verbas administradas pela pasta da Educação.

Os perigos são claros: verbas culturais desviadas para outras áreas, iniciativas abandonadas, trabalhadores da área sob o risco de perder aquilo que lhes é de direito.

Enquanto isso, a esquerda local, que poderia ser trincheira de resistência, parece ter trocado seu papel histórico por migalhas de poder.

A boa notícia é que os artistas locais já percebem o prejuízo. Um manifesto legítimo da classe percorre a cidade junto com um abaixo-assinado contra o ato autoritário. A mobilização coletiva é fundamental. Organizar debates, pressionar vereadores, criar conselhos de cultura e fiscalizar os recursos são passos concretos. Artistas podem se unir em fóruns permanentes e buscar parcerias com entidades de classe e órgãos públicos, deixando claro que a cultura não é supérflua, mas parte essencial da identidade local.

O caso de Ibicoara serve de alerta - quando a política vira mero cálculo eleitoral, o povo é quem perde imediatamente. Mas o prejuízo alcança a própria democracia e projetos políticos progressistas de longo e de médio prazos, como tem ocorrido em todo o Brasil."

Maurício Carvalho 

Além dessa, outras secretarias podem ser extintas o dissolvidos a outras pastas.